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Harpa de Orfeu

5 participantes

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1Harpa de Orfeu Empty Harpa de Orfeu Dom 08 Abr 2012, 23:09

Tomate

Tomate
Aluno de Academia
Aluno de Academia

Nirvana

Décimo sexto dia, era a contagem de Nirvana.

Estava fugindo de sombras misteriosas a qual seu pai tinha dito que eram semi-deuses. A Patrulha da Cidade a procurava como se ela houvesse matado e agredido muitos. Metade da verdade. Mas não tinha sido o que todos pensavam.

Estava com fome e sede. As águas sujas e que escorriam em direção aos córregos vinham com muita pouca frequência, ainda mais perto da muralha exterior. Evitava de ficar dentro da cidade ou próximo ao núcleo, com medo de ser capturada e ser levada em direção àquela escola imunda e cheia de meio-sangues. Eles recrutavam com frequência os alquimistas, e o pai dela a alertara daquilo. Só não achou que quando um alquimista sendo recrutada, negasse o pedido, toda a guilda fosse queimada.

O crepúsculho chegava. A sombra da muralha que continha trinta metros de comprimento se alargava e deixava quase uma boa parte da cidade coberta pela sombra gigantesca.
O Portão das Lamentações estava sendo fechado. A partir daquele momento da noite, começava as rondas mais eficazes da Patrulha.

A espada que tinha escondida por debaixo da roupa tinha ajudado-na apenas algumas vezes e a defendeu dos homens da Patrulha apenas no incêndio da sua Guilda.

A noite do incêndio foi a pior da sua vida. Tudo havia começado com um simples não e então, o garoto estava no chão, jazido. Homens da Patrulha da Cidade arrombaram o prédio e homens de lá de dentro começaram a se defender com frascos de fogo mortífero e frasco-da-medusa. Homens de pedra e carbonizados gritavam do sub-terrâneo. A batalha foi incessante. Quando arrombaram o quarto de Nirvana, no segundo andar, ela jogou pó maldito no primeiro que fez os seus olhos corroerem, e como forma de reflexo, enfiou a espada na barriga de seu companheiro de batalha. O prédio começou a pegar fogo. Ela saiu da emboscada para homens pulando do primeiro andar e se sustentando em um homem da Patrulha.

A Cidade Obscura era um lugar horrivel a se morar. Todos os seus prédios eram grandes, tanto quanto a muralha, e tinham uma tonalidade marrom-escuro e preto. Todos que moravam ali aparentavam a ser infelizes; até mesmo sua antiga guilda não era muito feliz. Eram escravos do rei e dos deuses. Os deuses, que para ela nunca existiriam; eram corruptos e pouco se fodiam para humanos, desde que eles tivessem suas orações prometidas a uma noite.

Naquela parte da fortaleza externa, as ruas pareciam vielas e as casas eram tão pequenas que se ridicularizava ao que estava dentro da muralha interna, com todos os seus edifícios e casas soberbas. Viu um pequeno grupo de homens vindo em sua direção e entrou em uma viela que não tinha espaço nem para duas dela. Seu corpo esguio e pequeno a deixava em vantagem quando era pra se esconder. Apesar de sua idade ser bastante avançada pra ser parecida com um graveto ambulante e grande.

Os homens passaram conversando na maior distração possível, pouco ligavam para quem vinha atrás ou a frente. Os seus mantos azul escuro, simbolizando adoração por Zeus, quase raspavam pelo chão e as suas espadas de aço simples brilhavam com o reflexo da lua nelas. Mesmo atrás daquela muralha extensa, as luzes de tochas e da lua se destacavam. Saiu de seu esconderijo e tentou achar alguma casa abandonada para dormir.


Dormir. Não conheço isso a duas semanas. Isso se chama descançar, pensou enquanto entrava pela janela de uma casa. Mesmo não sendo boa em poções, era boa em escalar casas e pular delas, tinha sido seu refúgio depois de todos seus familiares e amigos terem sido mortos. Era muito furtiva.
Abriu a janela de madeira com muita calma. A luz incediu sobre todo o cômodo e parecia que todo o brilho da lua tinha ido à cama onde tinha uma senhora gorda e bigoduda dormindo. Nirvana levantou sua roupa e puxou o punhal, não queria matar ninguém, mas era obrigada; sua cabeça valia tanto, que caso alguém aquela velha soubesse, entragaria-a ao rei e se tornaria rica.


E tiraria o bigode, riu e cortou sua garganta com as mãos trêmulas. O punhal caiu com sangue, ela sabia que não deveria parar por ali. Haveria mais gente dentro da casa que deveria matar ou seria morta. Saiu pela porta e viu que aquela casa pertencia apenas a velha. A casa era de barro e seus telhados de madeira, havia outra porta, que levava a um depósito de comida e no centro dela, uma mesa e um fogão de barro. Lembrando em comida, Nirvana sentiu tanta fome que tinha diso uma das piores dores de sua vida quando a barriga apertou-se e fez um chocalho.

Entrou no depósito e achou três pãos e queijo frio. Os devorou como se a sua vida dependesse daquilo e realmente dependia. Ficou ali, sentada no chão frio, observando as suas mãos: estavam rigídas, rachadas e sujas. Era uma dama alquimista, ou seja, tinha aprendido o fundamental das artes da alquimia e também como ser uma dama.

Não sou alquimista. Muito menos uma dama, desatou em chorar e chorar. As lágrimas a cansavam e sabia que não podia chorar, mas saber não era poder. Não naquele momento. E então, recostou-se sobre um saco de farinha e uma maré de escuridão a encobriu.

Acordou aos gritos de um moleque na porta de entrada. Pedindo para deixa-lo entrar, se não chamaria novamente o pai. "Se andou bebendo novamente, mãe! Juro-lhe que te mato com essas suas mãos gordas e cheias de vinho."

Nirvana entrou em pânico, não sabia o que fazia. Ela tinha visto uma segunda cama no quarto, mas pouco tinha raciocinado devido ao seu sono e fome. Retirou sua espada da bainha mal feita, tinha feito-a na sua fuga e por isso o ferro era apenas para assegurar a espada a sua cintura. Quando abriu a porta, o moleque tentou falar algo, mas a espada já estava cravada em sua barriga gorda e cheia de banha. A semelhança com a mãe era assustadora. Mas tinha a cabeça rapada, que o deixava ainda mais feio e o bigode tinha uma incrível semelhança. Puxou para dentro, deixando um rastro de sangue.

Quando foi fechar a porta, viu um velho do outro lado da rua olhando ao corpo jazido atrás de si e a sua espada banhada de sangue. "Homens! Homens!", gritou tão alto que no segundo grito ficou rouco. Ela estava imobilizada, não tinha reação. Ouviu o tinir de cota de malhas correndo e espadas balançando. Os olhos do velho estavam iguais ao da menina: esbugalhados. Quando ela deu-se, virou, trancou a porta e correu até a janela do quarto e lá pulou para a rua de onde tinha vindo na noite anterior.

Se culpava e não tinha o porquê de não se culpar. Tinha que ter fechado a porta tão rápido quanto tinha matado o garoto. Ouviu atrás dela homens correndo rápido demais. Viu que uma casa podia ser escalada com mais facilidade do que as outras. Subiu por uma estaca de madeira solta, depois por um buraco na parede e depois outro. E lá estava, no teto da casa. Corria com toda a sua vontade e determinação de não ser pega. Homens na muralha já tinham a visto.


– m*! O Olimpo está me caçoando ou me punindo por todas as ofensas. Que vão a m*. – xingou enquanto corria, desacelerava e acelerava novamente. Ouvia flechas tentando parar sua corrida, mas eram mal-sucedidas.

Viu que a movimentação atrás dela tinha parado, e então, desceu por uma escada que encontrou em uma casa com dois andares. Desceu com a máxima cautela possível e não tentava fazer barulho.

Seu coração disparava. Colocou a mão em seu peito tentando ameniza-lo e não conseguia. Ela soava com seus cabelos pretos escorrendo até seus ombros. Seria capturada, ela sabia disso. Agora que tinham avistado-na, fariam o favor de colocar rondas por todo aquele quarteirão.


Podem pensar que foi uma menina qualquer. Não, não podem. Quantas meninas comuns andam com uma espada e adaga na mão, idiota ?

Tinha esquecido que havia uma marca em suas costas, que marcava o símbolo de uma poção com uma mão mostrando-na. Era a marca de sua Casa. A Casa Margaery tinha sido destruída junto com a Guilda. E sussurrou em voz baixa o lema: Nunca devemos desistir. A poção da desistência é amarga.

Sua honra voltava a crescer da forma que repetia aquelas palavras simples. Mas a coragem ainda se matinham a distância de acordo que falavam elas. Se ela não desistisse e tentasse matar um dos Patrulheiros, o tratamento com ela para-lá-onde-fosse. O seu pai havia dito que iria a uma escola fazer poções aos semi-deuses, outros diziam que era para ser julgado perante os deuses e outros que o Tártaro enguliria todos aqueles que ofenderam os humanos e seus heróis com poções que ridicularizavam poderes divinos.

Não tardou a chegar o trote de cavalos. Saiu de onde estava com toda a bravura do lema de sua casa, e no final da rua, seis cavalos pomposos vinham trotando com elegância; os homens não eram da Patrulha, e sim de algo mais elevado. Tinham uma torre no escudo. Todos brandiam lanças, mas o líder de todos eles, o porta-bandeira, era o mais galante.


Tinha sua cabeça desprotegida, seus cabelos eram tão finos e dourados como o ouro e os seus olhos verdes ao excesso. Em sua armadura, via-se o símbolo de um sol e no escudo a mesma torre que todos brandiam. Tentou lembrar-se a que deus pertencia o sol, mas não teve tempo para lembrar-se.

– Garoto, você deu trabalhos aos meus amigos da Patrulha. Para terem convocado a mim, foi muito honrado de sua parte ter matado um gordo. Ele te fez algum mal ? - perguntou com um sorriso sarcástico

Ela tentou dar uma resposta a ele. Mas não conseguiu. A sua boca travava a cada palavra que formava e aquele por cima do cavalo riu de sua cara de abestalhada. Fez um sinal para os outros homens que cavalgaram até o seu lado e ela brandiu a espada. O beijo do aço celestial em sua mão foi tão rápido que soltou a espada na hora.

Ele riu quando viu a garota chorar. O seu capitão chegou cavalgou até seu lado e fincou a lâmina em sua cabeça. O sangue do homem jorrou por todos os lados. A sua cabeça quadrada foi em direção ao chão e o elmo que prendia em sua cabeça, perfurou-a ainda mais. Outro homem saiu do cavalo e se ajoelhou perante o homem jazido

– Senhor! É meu irmão! - ele choramingava como menino que tinha seu pedido recusado por causa de um doce
– Se não quer morrer com ele, cale-se! Todos somos irmãos perante Apolo. Sou o seu Comandante. Ele atacou sem justa causa o oponente.
– Ele tentou atacar meu irmão, senhor.
– Vá te foder, Robert. Pouco me importo pra você e seu irmão. Se não quer morrer como ele, cale-se.

O homem calou-se. Um outro homem, forte como um touro a pegou e aquele que denomiva-se senhor mandou-a se despir. Ela não queria, tinha vergonha e quando mostrou isso, aquele homem a despiu com toda violência e brutalidade. E então, o homem loiro disse:

– Vejamos. Tem uma boceta e uma tatuagem de alquimista – disse com voz de triunfo – Levem-na para uma carruagem. Iremos a Escola de Semi-Deuses amanhã! Com ela, temos três alquimistas a mais. Isso é uma vitória, queridos. Vitória!

Vitória será quando minha espada furar sua bunda, loirinha, teve sua mão enfaixada e fora levada até um destino incerto.

2Harpa de Orfeu Empty Re: Harpa de Orfeu Dom 08 Abr 2012, 23:11

Köden


Aluno de Academia
Aluno de Academia

- WTF foi a última parte? '-'

3Harpa de Orfeu Empty Re: Harpa de Orfeu Dom 08 Abr 2012, 23:48

Galeko

Galeko
Aluno de Academia
Aluno de Academia

lerei em casa

4Harpa de Orfeu Empty Re: Harpa de Orfeu Sáb 14 Abr 2012, 16:38

Tomate

Tomate
Aluno de Academia
Aluno de Academia

Pablo

A alvorada logo surgiu no horizonte e penetrou pela sua janela. Abriu os olhos e viu a cor do roxo com amarelo no céu. Se espreguiçou em sua cama fofa e macia aos seus sonhos pertubadores. Naquela mesma noite havia sonhado que estava sendo massacrado e morto; o rosto era de um desconhecido, mas que a ele, era tão próximo quanto um de seus meio-irmãos.

Bryan, que dormia acima dele, pulou de sua cama. Ele se espreguiçou lá embaixo, mesmo Pablo achando que depois daquele pulo, não precisaria mais se espreguiçar. Saiu de sua cama e se trocou. Os outros meio-irmãos, Caio e Victor, abriram a porta e o som de centenas de vozes invadiram o quarto e despertaram de vez Pablo.

O corredor estava com vários alunos e com portas de madeiras de seus respectivos quartos, quando a trombeta de que as aulas começariam soou. Teriam aula de Esgrima naquela manhã, e seria mais pertubada do que nunca. A Casa de Ares estava sendo mal-vista por outros alunos, por não ganhar há muito tempo um desafio proposto por outra Casa ou aluno.

Lá embaixo, se encontrava o enorme pátio com cadeiras bordadas de ouro e várias bandeiras com o estandarte da Casa Ares por todos os lados. Logo, alguns alunos que pouco se importavam com aulas foram se sentando para cabular ou conversar. Pablo procurava por Bryan, mas naquela mulvuca, era completamente difícil, então saiu.


Avistou o Círculo de Olimpo, onde se concentrava as 13 Casas. Na frente de sua Casa, estava a mais odiada e mal-falada pelos alunos de Ares: Casa de Atena, com uma coruja dourada ao fundo preto. Todos achavam-nos mesquinhos, arrogantes e problemáticos perante situações e guerras. Mas isso não os destaca, pensou e compreendeu que todos pensavam da mesma maneira. Destacavam-se como lutavam e como agiam com escudos e lanças. Diziam que aquele círculo representava o mesmo esquema feito no Olimpo, e que o Salão dos Campeões, logo no centro do círculo, representava a união e a paz entre os Deuses.

Andaram por dez minutos pela floresta. Todas as redondezas da escola era cercada por florestas e em seus extremos, se via o grande litoral onde ocorria festividades em nome de Deuses e também algumas rezas.

Chegaram a localização da escola, um enorme prédio com centenas e centenas de corredores; sempre se perguntava como ainda não havia se perdido entre tantos corredores ou tantos alunos. Ao lado da escola, ficava os campos de batalhas e treinos e ao seu lado, os estábulos para centenas de cavalos e junto com ele, um enorme arsenal de armas. Tinha que se dirigir até o campo de treino. Segundo a última aula de Teseu, aprenderiam como se esquivar de lanças.

Todos os alunos ainda se arrumavam, quando Pablo chegou. Viu as bandeiras de Ares e Hefesto, com sua forja verde ao fundo preto, içadas e sendo apresentadas até de longe. O seu estômago roncou, algo havia acontecido para duas bandeiras estar lado-a-lado. A maioria da Casa de Hefesto teria a aula apenas de tarde ou em outro dia ou semana. Duas Casas nunca faziam matérias juntas, a não ser que uma reunião de líder com líder havia de ser feita.

Bryan estava sentado em uma parte da arquibancada, com uma espada de madeira em sua bainha. Os olhos de cinzas de Bryan como todos os filhos de Áries, o deixava muito mais atraente. Tinha um cabelo que caía até o ombro, e seus braços eram bem treinados e musculosos. Ao seu lado, via-se Guilherme, o líder da Casa de Hefesto. Como a maioria da Casa, ele tinha bochechas fartas e um cabelo raspado para simbolizar agressão. Atrás dele, um meio-irmão que parecia ser o monitor de sua Casa.


– Terá apoio de Hefesto. Mas o que ganharemos em troca ? – suas sombrancelhas se levantaram
– Ganhará paz com Áries e terão nossa ajuda em qualquer desafio que propor contra a sua casa.
– À m* vocês e seus malditos desafios, Bryan. – cuspiu – Quero três de seus melhores homens, o Comandante de Hefesto morreu. Não sabem-se como, mas não volta há dois anos e está dado como morto. Se está morto, não se levantará mais.

Vários Comandates estavam se perdendo ou morrendo lá fora. O último a sair em uma missão, foi o Comandante habilidoso, porém menos experiente. Ele defendia a Apolo e tinha ido buscar novos semi-deuses. Depois que o Diretor Quíron soube que a Guilda dos Alquimistas havia se rebelado contra a Patrulha, o Comandate recebera mais vinte homens e cavalgaram o mais rápido para sair da escola. E logo, seria Bryan que sairia com uma armadura e espada atrás de alunos ou matar monstros.

– Precisarei deles. Logo serei promovido, assim como você – retrucou
– Quer ganhar o Desafio Divino ? Mais uma perda, e o Senhor Áries descerá aqui apenas para ter uma conversinha em particular com você.

O Desafio Divino era uma batalha entre duas ou três casas para a conquista de uma bandeira. As duas se enfrentavam em meio a floresta. O desafio não era tão mortal quanto diziam, mas podia chegar a ser. As espadas eram sem gumes e os escudos de aço; as lanças e flechas não eram tão afiadas, mas podiam bater e deixar uma área sangrando. Tinha lutado apenas duas, mas foi o necessário para que uma quebrase o seu pé e outro quebrasse a mão esquerda e o ombro deslocasse. Não queria voltar para lá. Da última vez, faziam dois anos, e o líder era Axel. Ele batalhou ao seu lado na ala direita, ganharam depois de ter tirado o líder de Apolo do cavalo com uma flechada na cabeça que o deixara tonto e fora morto pelo próprio cavalo.

Daquela vez, o desafio tinha vindo de uma forma tão infantil e desagrádavel que Pablo queria não lembrar, mas vinha sempre em sua memória.


– A espada de vocês nunca foi boa, não é mesmo, bastardo de Áries ? – o refeitório calou-se naquele momento, centenas de alunos olhando a Marcela e a Bryan
– Não. Mas as espadas concerteza matarão vocês no Desafio Divino
– Espadas sem gume não matam, bastardo tolo
– Então, é bom se preparar. A minha infiltrará essa boceta de p* que você tem.

Teseu chamou nomes de alunos para a lição que ele passaria. O sol já estava esquentando, mas a névoa ainda atrapalhava a visão, cercando todo o campo de treinamento. Teseu chamou o nome de alguns alunos, e entre eles, estava Pablo. Enquanto descia, Bryan gritou pelo seu nome, jogou-lhe a sua espada de madeira.

– Pablo, Áries, enfrentará Samwell, Hefesto – Teseu pegou uma lança sem ponta e deu a Samwell e também um escudo. Para Pablo, apenas um escudo

Teseu deu as instruções e dicas para os dois alunos. Anunciou como penetrar a defesa da lança com o escudo e a Samwell disse como se defender da espada e como deixar o oponente vunerável com um pedaço de aço. Ele deixou a arena circular aos dois, e apitou.

Ouviu alguém gritar "Vai, Touro", seu apelido por ser alto e forte, mais do que alguns garotos de 14 anos teriam em sua idade. Tinha esse apelido desde os 10 anos, quando por golpe de sorte, golpeara um garoto com a cabeça e ele desmaiou de tanto persestir em soca-lo. Axel havia dito que tinha sido uma chifrada de um verdadeiro touro. Era raivoso e bruto como um touro, mas odiava aqueles que o espetavam.
Odeio flechas, e elas me espetam.

O garoto a sua frente segurava o escudo e lança com tamanha perfeição, que o confundira por alguns instante com um filho de Atena. Ele tentou-lhe dar a primeira espetada, que a segurou com o escudo e tirara um pouco da lança do garoto. Ele saltou e deu uma estocada. A lança passou pelo escudo e atingiu o seu braço direito. O raspão tinha sido vantajoso, o garoto cambaleara quando pisou.

Pablo avançou, conseguiu bloquear três de suas investidas. Quando o garoto tentou dar mais uma estocada, desviou e chutou o escudo dele. Todos aplaudiram quando viram o garoto se sacudir no chão. Começou a olha-lo com desprezo depois que ele tentou se levantar e dar mais uma investida com a lança, agora com as duas mãos. Deu-lhe um golpe na cabeça tão forte, que um sonoro "plac" fez na cabeça do garoto.

Largou a espada e o escudo. Voltou à arquibancada e se juntou a Bryan e seus dois conselheiros de guerra. Bryan afagava sua barba. E os dois jovens de Hefesto conversavam entre si e olhavam as batalhas que ocorriam lá embaixo.


– Belo golpe. Volte e pegue minha espada.
– Amassei sua espada.

Quando a trombeta sinalizando o almoço soou, todos se retiraram. Havia passado seis justas, a última seria a mais comentada, após um aluno novato de Hefesto ter derrotado um dos mais experiente com um golpe sensacional com a lança que quase quebrara o braço de tanta força depositada pelo novato.

Chegando perto da escola, vislumbrou as majestosas bandeiras. Mas duas destacou muito mais: Apolo e Atena. A coruja dourada ao fundo preto com o sol em fundo branco sempre ficavam lado a lado, tanto em batalhas quanto em parcerias. Até mesmo no Desafio dos Deuses, depois de dez anos de rixas, não seria diferente. A melhor dupla que já tnha visto, era Marcela e Alessandro.


Se ganharmos, irei até aquela praia e rezarei até o amanhecer do dia seguinte. Era uma tarefa muito dfícil, quase impossível. Nesta noite, teriam que fazer a melhor estratégia para o dia seguinte. Fosse apenas uma estratégia, mas o grande problema são os escudos, lanças e as malditas flechas. Que Áries nos proteja. Já tinha visto bons lançadores de flechas, mas não tão bons como os filhos Ártemis e Apolo.

No refeitório, comeu sozinho. Pensando na lição que tinha aprendido logo de manhã e a teria de usar dezenas de vezes na noite seguinte. Projetou-se, pensou e lutava contra a comida com o garfo em seu auxílio como se fosse um inimigo em comum.

A tarde se arrastou enquanto Jasão ia ensinando Estratégia em Batalha. Pablo não colocava nenhuma atenção na matéria, não naquele dia. Os olhos deles estavam lá fora e na noite seguinte. Sabia que não podia se preocupar, mas não conseguia. As trombetas novamente soaram e e ele copiou a matéria que estava escrita.

Chegando a ao prédio de sua Casa, viu que inúmeras pessoas chegavam das aulas secundárias e obrigatórias, onde era obrigado aprender-se uma, mas só uma. Entrando lá, Bryan sentava-se em uma mesa central com Guilherme e Daros, com outros filhos de Hefesto e Ares para compor a estratégia e localização em guerra. Dezenas de pessoas ficavam envolta da mesa para tentar ver um pouco, mas em um silêncio respeitador e assustador.


– Finalmente a moça com saia chegou. O que fazia, irmão ? Masturbava-se pensando em Marcela ?

Não respondeu. Passou pelas dezenas de cabeças. Sentou-se ao lado de Bryan, que ficava em ao extremo da mesa. Viu um enorme papel que representava a floresta. Partiriam do início da floresta onde tinha bastante lugar para acampamentos e tendas. Onde o oponente se localizaria, era em um bosque enorme. Discutiam que a bandeira ficaria com um dos alunos de Hefesto, ele ficaria na ala central para confundir o oponente e caso a ala perdesse muitos homens, recuariam e retomariam controle da batalha.

– Você ficará com a vanguarda, Pablo. Cuidado com as flechas e lanças – disse com um sorriso sarcástico

Ele sabe que odeio flechas e lanças, mas deposita a fé em mim e a mais ninguém para tombar a estratégia do oponente.

– Eles tem mais de dois mil homens, enquanto nós temos mil e trezentos. Você precisa de qualquer forma derrubar a vanguarda que deverá vir com mais de quatrocentos homens. Marcela e Alexandre são tão espertos e eficazes quanto nós. As árvores poderá ser ajuda ou irá lhe atrapalhar. Seja inteligente.

– Entendido.

A madrugada inteira passaram e repassaram a estratégia. Quando a maioria dos alunos foram indo embora ou ir dormir, se levantaram e se cumprimentaram. Se viriam novamente apenas no dia seguinte. Subiu para o seu quarto. Notou que Victor e Caio estavam acordados e sussurando, seria a primeira batalha deles em uma vanguarda.

Dormiu e sonhou com gigantes em sua volta. Inúmeros monstros com um olho só tentavam pisotea-lo e ele desviava. Quando um deles o atingiu e outro pisou com tanta vontade, que ouviu Bryan berrar para que acordasse no mesmo instante se não começaria a chuta-lo, mesmo já fazendo-no. A trombeta não tocaria naquele dia, já que o final de semana havia chegado.


A batalha não será por vitória. E sim, por honra, pensou e sabia que aquela era a verdadeira razão por tanto embate entre as duas Casas. As redondezas da escola estava em silêncio, ninguém ouvia nada, a não ser os passáros que passavam e iam embora. Andou por quase uma hora. Chegou no local onde começariam.

Entrou na tenda de Bryan, estava sentado em uma poltrona e comendo algumas porções de carne assada, ouviu o estômago roncando e então pegou um pedaço de carne e devorou. E depois, acompanhou o irmão na refeição.

A multidão aumentava lá fora. Ele via barracas e mais barracas sendo desmontadas quando a tarde estava prestes a se terminar. Bryan o ajudou a colocar sua armadura e ele fez o mesmo quando o seu irmão solicitou sua ajuda. Os dois se encararam. E colocaram o elmo juntos como forma de cumprimento. Desmontaram a tenda e se despediram. Pablo iria conduzir naquela noite quatrocentos homens, que teriam a tarefa de destruir qualquer estratégia. A bandeira de Ares e Hefesto dançavam e cortavam o ar juntas. O crepúsculho chegou e então, montou em seu cavalo e trotou até o início da floresta.

O seu coração batia como um tambor. A floresta era escura e conseguia ver poucos metros a sua frente, e o capacete encobria toda a sua visão. Aquilo era loucura, atrás de loucura. Apenas as tochas atrás de si eram a luz que se via. Depois, viu a alguns quilômetros tochas e mais tochas oponentes se aproximando mais e mais.


Quem foi o louco que aceitou a batalha no escuro ?, quando ouviu o primeiro tinir de aço contra aço. Lanças defasando o oponente e flechas silvando por cima de si. A escuridão e o medo era o que assombravam a todos ali.

5Harpa de Orfeu Empty Re: Harpa de Orfeu Sáb 14 Abr 2012, 17:24

Coca

Coca
Aluno de Academia
Aluno de Academia

Primeira parte excelente. Parabéns

6Harpa de Orfeu Empty Re: Harpa de Orfeu Seg 14 maio 2012, 18:45

Shiro Basara


Aluno de Academia
Aluno de Academia

Certo Tita. É sua primeira historia de alto nivel, eu diria. Excelente, mas já parou, é?

7Harpa de Orfeu Empty Re: Harpa de Orfeu Seg 14 maio 2012, 18:47

Tomate

Tomate
Aluno de Academia
Aluno de Academia

Não parei. Estou escrevendo o terceiro capítulo Smile

8Harpa de Orfeu Empty Re: Harpa de Orfeu Dom 27 maio 2012, 01:08

Tomate

Tomate
Aluno de Academia
Aluno de Academia

Florence
O túnel era um dos mais escuros que tinha entrado. A única lembrança que tinha da claridade, era como o sol era vivo e radiava tudo ao seu redor. As tochas iluminavam muito mal o caminho e quase não chegavam ao centro do túnel, forçando Florence a andar pela lateral.

O Labirinto era a pior espécie de jogo dos Deuses. Era feito para embaralhar ou colocar presente para humanos, semi-deuses e até mesmo monstros. Não tinha tamanho, era quase inacábavel e alguns diziam que não tinha fim e quando morresse dentro dele, ninguém faria o favor de saber pelo seu paradeiro. Florence achava tudo isso uma grande mentira e ilusão a aqueles que obtinham o medo, mas via que era a verdade. Não tinha visto ninguém desde que entrara e a fome estava presente em seu estômago e sempre que o barulho no estômago aparecia, ecoava por um vasto corredor.

Sabia que tinha que achar algo dentro daquele Labirinto, mas não sabia o quê e menos ainda o seu formato. A fome, cansaço e sede eram tantas que não o deixavam lembrar da instruções de Quíron a aquela missão. Tinha que roubar o item e ele mudaria todo o destino da escola e, possivelmente, dos Deuses, era isso que lembrava. Ficava tonto a cada vez que se lembrava deste item, mas seu coração desparava a cada vez que a esperança que podia pega-lo ainda existia. Pessoas tinha morrido para a recuperação do item.

Não sabia se era dia ou noite, mas sabia que estava cansado e deitou-se sobre o chão barroso do Labirinto. Ficou embaixo da tocha que iluminava o seu rosto e o deixava um pouco mais quente, o chão estava gelado e seus dentes começaram a bater um ao outro. O frio passou lento e doloroso, assim que se habituou a aquele chão. Tentava não lembrar que no dia seguinte teria que voltar a andar pela procura do desconhecido e aquilo que vagava pela sua mente, mas não mostrava o rosto. Dormiu.

Em seu sonho voltou ao dia que estava entrando em uma caverna a qual diziam a entrada ao Labirinto dos Deuses. Balt tinha ficado muito feliz, era uma das suas missões mais imporantes como Comandante e assim que viu a entrada um sorriso pomposo surgiu em sua boca. Vanke e Hank acompanharam-no na felicidade e deram saltos de alegria. Florence não gostava daquilo e achou que não deveriam entrar, por mais importante que fosse.


– Meu irmão, o por que dessa tristeza ? – perguntou Balt com um sorriso murcho no rosto

– Acho essa missão suicida. Entraremos em um lugar onde ninguém sabe onde vai dar.

– Acalme-se, irmão, entraremos.

As armaduras negras da Casa de Hades escureceram ainda mais quando a caverna os encobriram e a luz do sol desapareceu. Florence olhou para trás e viu que a entrada não estava mais lá e a descida era iluminada por tochas pequenas e que deixavam pedras escorragidas como armadilhas e que a qualquer descuido, seria fatal.

Continuavam a descer e perceberam que o frio aumentava a cada minuto e apenas a armadura os deixavam quentes e um suor frio descia a testa de Florence. Tinha sua espada na mão e o medo o fazia olhar a todos os lados. O objeto tinha que ser encontrado e naquelas circustâncias, o mais rápido possível, se não quisessem morrer de frio.

Quando perceberam que as pedras e a descida por frio chegaram ao fim, encotraram três tuneis que não tinham iluminação alguma. Balt os ordenou para manter-se com as mãos unidas e andaram um atrás do outro e qualquer perigo fosse seguido de um grito de aviso. Não discutiram contra a ideia e tomaram o túnel que seguia a nordeste. O escuro lá dentro era horripilante e Florence ouvia Vanke ourar por Hades e todos os deuses do Olimpo.

Florence se lembrava como Vanke estava orgulhoso e feliz pela sua primeira missão, mesmo que Balt alertasse-o que não seria uma missão fácil, o garoto continuava com um sorriso no rosto. Lembrava Florence indo a sua primeira missão e como não tinha sido fácil dormir ao chão e a folhagem fria da floresta, a cada noite que o javali corresse de medo para que a morte chegasse até ele. Nunca fora um bom caçador, mas era um bom lanceiro e sempre colocado para defesa de qualquer erro pelos seus companheiros de equipe.

Vanke tremia a cada passo que o grupo avançava e choramingava a cada parada que eram obrigados a dar graças a pequenas pedras ou susto de algum dos integrantes do grupo. Florence não demonstrava medo, mas soava por dentro e por fora e sua mão estava ficando escorregadia, mas não podia deixar Vanke. Nunca gostara do garoto, mas soltar a mão dele era resultado de um ataque cardíaco e teriam que parar para tentar socorre-lo. Quando as mãos e pernas se cansaram, fizeram uma fogueira com algumas madeiras que Hank trazia na mochila.

Acender a fogueira foi a parte mais difícil daquele dia, já que a umidade proporcionava pouca ajuda a eles. Florence começaria com a primeira ronda e Vanke o perguntara se aquela missão era tão preocupante e Florence o ignorou. Tinha ouvido barulhos enquanto estava na vigia, mas os ignorara achando que aquilo tudo fosse parte de seu medo interior e que deveria deixa-lo para trás.

Sua vez de dormir tinha chegado e devia acordar Balt, e assim o fez. Encostou seu corpo por inteiro naquele chão de terra duro, lamacento e frio. Os seus dentes batiam a cada vez que se mexia e tentava não fazê-lo, mas não conseguia, estava inquieto demais para se acalmar e não sabia se estava com olhos fechados ou abertos. E o sono o tomou...

... acordou com chutes em suas costas e viu que Balt estava desesperado demais. Ouviu-o falando para pegar a espada e foi a primeira reação que teve assim que viu o tom de voz de seu amigo. Viu olhos cor roxa movendo-se através da escuridão, vinha andando com calma e com um olhar feroz e matador. Acordou Vanke e Hank, às pressas, e pegou seu escudo. Sua espada nunca tinha sido tão pesada e trêmula como aquele dia, era um dos melhores lutadores da Escola. A figura saiu da penumbra e uma criatura rastejante olhou a todos. Tinha um olho apenas, corpo esguio e um comprimento do tamanho de um humano. Tentava se levantar ou se apoiar em algo, mas não conseguia. Vanke se apavorou e atacou a monstruosidade. A espada zuniu em direção ao braço da criatura e um grito que ecoou que parecia que todo o Labirinto ouviria e Florence acordou.

Estava soando quando deu-se por si novamente. Estava levantado com a espada apontada ao nada e viu que alguma coisa estava saindo da escuridão e ficou com medo de ser aquilo que mais temia. Mas viu um cão indefeso saindo do meio das sombras. O cão era preto e tinha um corpo de gato, porém, mais gordo e forte. A furtividade e agilidade de um gato eram semelhantes. Viu a espada apontada a sua cabeça e recuou, e Florence recuou a espada para tentar manter a paz entre os dois, mesmo com o medo de que aquele cão podia mata-lo a qualquer instante, já que aparentava tanta fome e sede quanto ele.

Viu que o cão não aparentava nenhuma ameaça e então guardou a espada e sentou-se escorando ao muro. O cão chegou perto a ele com desconfiança e Florence esticou ao braço, o cão recuou mas logo compreendeu e colocou-se embaixo dos braços soados de Florence. Fez carinho e afagou suas orelhas, o cão ronronou. Ele realmente parece um gato, não conheço nenhum cão que ronrona. Muito menos um cão que cede tão fácil. Pegou sua adaga, a fome estava incessante e tinha que fazê-lo. Pensar em carne fresca e bem temperada o deixou com mais fome.


– Até mais.

Mas assim que colocou a lâmina no pescoço do animal, percebeu que não adiantaria mata-lo e passasse fome diante de dois ou três dias e a sede chegaria assim que o sangue quente e salgado chegasse a sua boca. A sua lâmina escorreu pela corpo do animal, fria e cheia de ódio. Continuou a acariciar o pêlo do animal e a memória de quando estavam saindo do acampamento invadiu sua mente.

– Seja o que estiver dentro daquele labirinto, tragam – disse Quíron, seus cabelos longos iam até suas costas, onde a metade cavalo começava. Seus olhos negros tiravam todo o brilho da Espada da Sabedoria, a qual era passada por cada diretor que assumia a escola – Caso alguém morra, saiam o mais rápido possível de lá.

– Sim – respondeu Zyerg, pronto para subir na cela de seu baião

Vanke estava ansioso e mexia toda a hora em sua espada. Ficava a venerando e as vezes dava corte no ar como se o inimigo estivesse presente à direita e depois à esquerda, em um momento quase decepou a cabeça de um estudante que vinha correndo do Portão da Esperança, um dos portãos de acesso à escola. A muralha Barro Vermelho – que naquele dia, estava mais vermelha do que nunca, diziam que fora construida pelos deuses e que eles ficaram trezentos dias para achar o barro mais vermelho e mais forte para proteger a escola – estava logo a frente e com os portãos içados. Quando Quíron acabou todas as suas instruções, cavalgaram um pequeno trecho e passaram ao Portão da Esperança. Hank sorriu naquele momento e disse que todas as esperanças foram deixadas de lado. Todos olharam a ele e a empolgação de Vanke sumiu por algum instante, mas quando ele se redimiu perante a todos, a cavalgada continuou séria e entraram na Estrada da Obscuridade, a qual dava acesso a Cidade Obscura. Tomaram por trilhas e acamparam na mesma noite. Balt ficara acordado com Florence, admirando o último suspiro de fogo da pequena fogueira.

– Acha que voltaremos ? – perguntou

– Não sei, irmão. Espero que tenha bastante vinho para nos receber. E que Natasha esteja me esperando com os braços aberto e se puder, com as pernas também – Balt deu gargalhadas e Florence o seguiu algum tempo depois.

Balt sempre tivera um cabelo roxo-avermelhado, olhos roxos e o seu nariz era curto. Sempre tinha o encanto com as meninas, mas desde que entrara na Escola, sentiu algo por Natasha e com ela tirou sua virgindade. Era dois anos mais nova que ele, mas chegara dois anos mais nova a escola e fora ela com quem teve a primeira briga e perdeu em um desafio de espadas. Teve que lavar louça ao seu lugar por uma semana. Mas mesmo assim, virara líder do exército e alguns meses depois, Comandante. Florence estava tanto no dia em que Balt tinha virado líder do exército quanto Comandante. Foi tudo muito prematuro, tinha apenas doze anos e viu seu melhor amigo se tornar um dos jovens mais importantes na Casa de Hades.

– Há certeza em renunciar o cargo de líder dos Treze ? – Quíron perguntou a Florence naquela noite e a resposta fora sim. Balt teria o matado se não estivesse embriagado de tanto vinho.

Os Treze eram os melhores lutadores de toda a escola, cada um representando cada Casa. Precisavam demonstrar muita furtividade e uma esgrima potente, por isso dispensavam armaduras pesadas e usavam as mais leves. Florence o renunciou por ter de se separar por tudo que havia construído: não poderia ter uma mulher a despojar muito menos amigos a adorar. Aquela tinha sido a pior escolha de sua vida.

Se tivesse aceito, não estaria nesse inferno e não precisaria ver a estranha criatura matando a todos.

Voltou a sua pessoa e viu que ainda estava acariciando o pequeno animal, que agora estava esticado em todo o seu colo. Viu que ele não era ameaçador a ele tão pouco a ninguém, mas devia ser um ótimo caçador. Podia fazê-lo caçar alguma presa, mas e se não voltasse ou se perdesse ? O labirito tinha tantos segredos quantas armadilhas. E monstros...

... tentou não ver de novo a cena em que Vanke atacava a criatura e ela saiu do chão com uma agilidade incrível. A espada ficara encravada no chão e Vanke desesperado, quando a criatura o abraçou e depois mordeu o seu braço e o arrancou com uma única abocanhada. Vanke gritava de dor e se jogara no chão, se debatendo contra a dor. A criatura deitou-se sobre ele e arrancou seu pescoço, descendo até a barriga e arrancando suas tripas.

Estava correndo e viu que Balt e Hank corriam atrás. Seria mais veloz naquele momento caso a armadura não pesasse tanto. Ouviu gritos de desespero de Balt e de socorro e dor de Hank. Não podia parar, se não morreria. Lembrava como via os olhos roxos de Balt o abandonando e indo a uma escuridão, para encontrar a própria morte que bebia sangue e comia carne. Não podia parar. Não podia parar. Os gritos iam se calando e os passos ficavam mais lentos. Não podia parar, dizia a si mesmo. Os gritos surgiram mais uma vez e tentava correr, mas tropeçou e caiu. O chão estava mais aconchegante do que nunca, se morresse, morreria como um filho de Hades: No sub-terrâneo.

Fechou os olhos com força para tentar esquecer tudo aquilo. Sentia frio na barriga só de lembrar a criatura rastejante e que o amendrotava a cada sonho que tinha e deixava sempre seus pesadelos piores.

O cão se levantou de seu colo e estava inquieto. Tentou acalma-lo, mas ele estava irrequieto. Começou a farejar o chão e começou a correr. Florence se levantou rapidamente e começou a seguir o cão, que começava a latir desesperadamente e parecendo que estava com medo de algo

Não podia parar e não podia perder a única coisa sobrevivente junto a ele naquele labirinto. Corria o máximo que podia, mas o cão sempre estava alguns metros a frente e sabia sua localização apenas pelos latidos do cão. Estava chegando ao limite de suas forças e também de sua resistência, quando viu o cachorro parado e observando um túnel que para entrar, era necessário agachar. O cão entrou e o seguiu.

O pequeno túnel era largo o bastante para se ajustar a cada passada que dava. Um passo de cada vez e um mais pesado que o anterior. Estava quase desistindo de continuar quando ouviu o barulho de um rio e pássaros: A saída! Estou livre, livre, livre! Não sabia se podia correr enquanto ajoelhado, mas chegou tão perto que desconfiou desses poderes. O pequeno túnel acabou e viu outra enorme caverna, mas tinha um pequeno riacho ali e um homem sentado perto dele.

O cão aproximava-se devagar e mostrando os dentes, com uma raiva quase incontrolável. Florence andava calmamente e quando se aproximou demais, desembainhou a espada. O túnel era escuro e o barulho do riacho era uma linda canção. Chegou próximo ao homem e viu que o cabelo era familiar e colocou a espada em sua nuca.


– Não faça nenhum movimento, se não...

O homem mostrou seu rosto. Não era possível.

– Balt ?!

O cão continuava a mostrar os dentes.

9Harpa de Orfeu Empty Re: Harpa de Orfeu Qua 04 Jul 2012, 20:40

Tomate

Tomate
Aluno de Academia
Aluno de Academia

Pablo
Estava soando. Soava como um porco depois de correr três quilômetros atrás de uma única maçã. Levantou metade do corpo e ficou sentado na cama, a coberta que o cobria estava molhada e a cama ensopada. Olhou ao redor e viu as algumas das camas da enfermaria vazias. Os cobertores cinzas se alinhavam em uma fileira, encostados na parede e uma outra fileira na parede oposta.

Olhou pela janela e percebeu que lá fora era noite. Os grilos gritavam seu nome e contemplavam as estrelas e ele fez o mesmo; as estrelas brilhavam com muita intensidade naquela noite e o quarto cinza e obscuro do enfermaria tinha uma luz celestial penetrando-o. Com grande dificuldade, levantou-se da maca e tentou andar até a porta. Não conseguia dar um passo com a perna direita, onde se encontrava um grande curativo em sua coxa direita.

Saindo do clarão das estrelas, tentava andar mas estava coxo e era um inútil com metade de seu peso em uma única, e a pior, perna. A cada passo que dava sentia uma facada e se apoiava em uma cama próxima para não cair ou até mesmo se quebrar – ou o resto que sobrava dele. Mancava e a cada passo, um palavrão surgia e um Deus o punia no Olimpo. Até que a Enfermeira o interferiu, toda vestida de preta com um colar prata em seu pescoço.

O colar em seu pescoço simbolizava em que Deus orava e fazia experimentos em seu nome: àquela mulher tinha, pelo que Pablo contou na escuridão e a pouca iluminação, uns seis colares. Ninguém sabia o nome daquela gigante e horrorosa enfermeira, era muda, e então a chamavam de Enfermeira. Apenas fazia gestos que aprendiam e obedeciam. Alguns diziam que ela era vinha das Ilhas Distantes e outros diziam que era uma ciclope, por seu tamanho de quase dois metros; só de ouvir em ciclopes, Pablo tremia e sentia frio. Bryan tinha desmentido aquela história, mas desde então tinha medo da mulher, por isso que quando a viu pela primeira vez tinha fechado os olhos por alguns segundos.

Caira como fez da última vez, mas agora a coxa fez um estalo e em resposta, ele deu um grito que poderia facilmente acordar com toda a enfermaria, se houvesse alguém ali. Achava estranho após uma grande batalha não ter sequer um único filho tanto de Ares e Hefesto ou ou Atena e Apolo. Talvez, a batalha ainda continuasse lá fora e ele tivesse sido levado ali para acabar não morrendo na sangrenta batalha que havia deixado. A Enfermeira o pegou no colo como se fosse uma criança de dois anos de idade. Tentou se jogar no chão, mas ela deu um solavanco que todo o seu corpo doía. Colocou-o na cama, e de nada pôde fazer. A gigante saiu do quarto e atravessou a porta.

Seus olhos se fecharam, mas tornaram a abrir quando ouviu vozes. Pensou que era um sonho até a gigante atravessar a porta junto com Quíron, o Diretor. A sua parte meio-homem atravessou a porta e depois a meio-cavalo veio bamboleando com pomposidade. Assim que ele entrou, a Enfermeira saiu e fez uma reverência grosseira e totalmente desajeitada, mas Quíron sorriu e acenou com a cabeça. Tinha cabelos longos e sua pele era negra, mas os seus olhos verdes colocavam mais charme. Sua parte baião era um marrom bonito e bem escovado.


– Pensávamos que nunca iria acordar, Pablo – disse Quíron
– E por que pensar isso ? A batalha deve estar fervente do lado de fora
– Não, Pablo. A batalha acabou a uma semana atrás. Vocês perderam.

Pablo se lembrava de toda a batalha, ou quase toda.

A sua vanguarda estava bem organizada, entraram na floresta. Os lanceiros andavam com cautela e acada barulho os fazia parar e se concentravam. Quando chegaram à Clareira dos Gritos, que não tinha fim em extensão, e do outro lado da clareira viram centenas de homens brandindo as bandeiras de Atena e Apolo. A sua primeira fileira corre ao encontro do adversário e gritos de incentivo saíram de sua garganta. Não lembrava-se o que tinha gritado, mas estava ao ponto de sua voz começar a rouquejar. Brandiu sua espada e viu centenas de flechas cruzarem acima; algumas tinham fogo o que fazia iluminar todo o campo de batalha e deixar a grama com um tom alaranjado.

As flechas eram de madeiras e as suas pontas não eram tão afiadas como as comuns, mas viu homens de ambos os lados caírem e se estirarem no chão para serem pisoteados. Quando a confusão tomou conta de quase toda a clareira e dos dois exércitos, um lanceiro chegou perto o bastante para atacar com sua lança. Odeio esses malditos, vou pica-los e depois, comê-los com pimenta. Sabia que aquilo não era verdade. Evitou o primeiro ataque com o escudo, rolou e firmou a espada na mão. Quando o segundo golpe veio, desviou-o e atingiu em alguma das costelas do lanceiro.

Viu uma flecha zunir perto da sua orelha para atingir uma pessoa ao seu lado e na escuridão não distinguiu o rosto, mas estava gritando tão alto; até ser calado por uma outra flecha na garganta. Pablo fechara o olho e tentava se proteger contra todas as espadas e lanças que iam em direção ao seu rosto.

Quando viu que a vanguarda tomava conta da maioria da clareira e o pavilhão central já tinha chegado, e Apolo e Atena recuavam ele começou a correr para atingir os sobreviventes da vanguarda oponente. Quando viu o primeiro, cravou a espada em sua perna e depois deu uma pancada com seu escudo em seu nariz.

Estava gritando. Tentava lembrar como estava gritando, mas o oponente estava recuando e eram forçados a entrar novamente na floresta. Quase todo o exército de Apolo e Atena ficavam na fronteira entre floresta e clareira, mas qualquer um que tentasse sair dali era atingido por uma flecha ou por algum machado ou espada. Não tinham como sair, a batalha estava ganha, por fim. Mas faltava a bandeira e caso não tivessem a bandeira, não ganhariam.

A vanguarda com três centenas restantes e o resto, mortos ou machucados para não continuar, entraram na floresta junto com o exército que seguia atrás. Quase mil homens entrando para desafogar toda a honra de suas Casas para depois beber, transar e beber mais ainda. Aquela seria a recompensa no Salão dos Campeões.

Quando entraram na floresta, esmagaram todos que tentavam contra-atacar ou defender a bandeira. O homem com a bandeira tinha estar ao meio do exército, podendo ficar tanto em vanguarda quanto em retaguarda; tanto no pavilhão central quanto nas laterais. Mas não existia mais estratégia para eles, estavam perdidos e encurralados. Juntavam força para tentar recuar. Eles não tinham chances...

… Avistaram a bandeira com uma menina, talvez fosse Marcela e talvez não. Ela vinha de cavalo e a sua última força vinha com ela, quando entraram na batalha, fizeram quase o impossível. Começaram a dilacerar cada homem de Ares e Hefesto, as flechas iam em pontos certeiros e faziam os homens caírem duro no chão. Uma flecha vinha em sua direção, tampou a cabeça com o escudo mas não era aquele o alvo e sim sua perna. Cambaleou para trás até que viu olhos azuis em um cavalo, e a lança mordiscou seu elmo de touro. Tentou se levantar quando o homem desceu do cavalo e o empurrou com a perna.

Abriu os olhos e a batalha ainda rugiu por toda a floresta. Pareciam estar ganhando como pareciam que estavam perdendo. O porta-bandeira estava no meio da confusão e quando tentavam alcança-lo em ambos os times, eram eram apunhalados ou surpreendidos. Marcela estava mostrando seus lindos cabelos cor de mel e atirava flechas a cada homem que tentasse chegar na bandeira. Seus olhos se fecharam e da batalha, tinha apenas a recordação.
Quíron olhava para ele com olhar de dúvida. Até que ele olhou na direção da porta, e fez um aceno pedindo calma para quem estivesse ali. A alvorada aparecia na janela e tudo parecia laranja, roxo e azul. Os deuses tinham feito mais um dia e mais um dia de complicações, sabia que quando estivesse a ponto de conseguir andar, ao menos, metade de Ares e Hefesto estariam desmotivados.


– Quíron, se passou uma semana desde o Desafio dos Deuses, então a festa já aconteceu ?

Não respondeu, e olhou com fúria à porta. Bryan entrava com Guilherme, ambos com gibão com estandartes estampado no peito direito, cumprimentaram Quíron que ia saindo com lentidão e com fúria. Guilherme deu um suspiro grande quando ele saiu. Guilherme era apenas mais um jovem maciço de Hefesto, com seu grande nariz e seus olhos negros. Bryan vinha com seus olhos cinzas, um dos poucos junto com Pablo que tinha os olhos daquela cor, e o cabelo cinza tão comum quanto estranho em Ares.

– O que aconteceu, irmão ? Uma batalha e já está em uma cama ? Perdeu o festão que fizemos lá no Salão dos Campeões. Foi incrível. Quebramos quase metade e quase matamos um dos Treze. – ele sorriu, mas Guilherme olhou tristonho ao chão – Tinha que ver a cara de palerma de Alexandre e Marcela quando entrei com uma dezena de Ares e Hefesto juntos.

– Alguém foi morto ? – perguntou com medo da resposta

–Não. Quíron não deixou nós matarmos alguns deles, mas nossas espadas daquela vez tinha gume e tudo mais, e Marcela realmente temeu pelo pior e até chegou a rezar a pobrezinha da mãe dela.

–Bryan! Atena pode estar ouvindo! Aqui é território dela e assim de como todos os deuses.

– Não é mais meu, Pablo. Desculpe. Fui expulso pela algazarra. Deixei ferido um dos Treze e isso é pecado perante os deuses e você sabe tão bem disso quanto eu. Fui traído pela minha própria Casa ao perguntarem se deveriam me expulsa, foi quase todos os votos, apenas um que não: o seu.

Não podia estar escutando aquilo. Era seu irmão e o único qual conversava todas as manhãs, todas as noites e se divertiam em todas as festas e dividiam das mesmas batalhas desde o seu sete anos. Imaginava eles indo a alguma missão fora dali, explorando o mundo exterior; mas tudo aquilo agora não passava de um sonho. Sentia que os olhares dos deuses ignoravam a sua pena pelo seu irmão e que naquele momento os deuses estavam quase o irmão fodesse com um dos enviados de Hades.

– E quando irá embora ?

– Não faço a miníma ideia. O Conselho ainda está decidindo quando ou apenas seja afastado por algumas semanas. Bem, morrerei de qualquer jeito. A Cidade Obscura não irá me acolher, o que me resta apenas ir a Reino Velho, que fica a mais de oitocentos quilômetros daqui. Se o que fiz foi um pecado, com certeza Ares irá me punir no meio do caminho. Caso passe pelas florestas e depois pela montanhas, como irei ter comida ? Morrerei.

–Pode ir até Mar Aberto. Fica muito mais perto do que Reino...

–Morrerei.

Sabia que era verdade, e estava tentando escondê-la. Se o que tivesse feito fora mesmo um pecado, os deuses fariam criaturas brotarem e caso ele tivesse história até Mar Aberto, lá os pescadores perguntariam por que ele tinha vindo da Escola dos Deuses para uma cidade tão pobre e não tinha ido em missões para Mar Dourado ou Cidade Obscura; eram crentes demais nos deuses e o perseguiriam-no. Mas amava o irmão e não queria que nada ocorresse a ele.

Saíram os dois do quarto quando a Enfermeira voltou. Lhe deu um chá qualquer e deixou a xícara parada entre suas duas mãos, apenas esquentando-a. Não podia deixar que aquilo tudo acontecesse, havia perdido a batalha e depois tinha perdido um irmão. Preferia não acreditar, mas tudo que podia era abaixar a cabeça tomar o seu chá e depois ir dormir. Iria dormir até o dia que tudo aquilo acabaria, mas não foi como pensou. Algumas horas depois o acordaram e falaram que estava dispensado. Do outro lado das camas viu um jovem – que aparentava ser de Poseidon – deitado com uma faixa ao olho, que Pablo ainda não sabia se tinha perdido em algum treino ou em uma batalha. Não sabia como tinha chegado ali, se fora antes ou depois de dormir.

A sua caminhada da enfermaria até a Casa de Ares foi cansativa, teve que ir se apoiando em uma bengala de madeira. Tinha se trocado com um gibão cinza e fosco, com o símbolo do homem com seu capacete vermelho. Os alunos que passavam correndo enquanto se exercitavam o desprezavam e aqueles que olhavam, fugiam o olhar ou olhavam com repugnância.

Quando chegava pela trilha, notou a bagunça que se tinha. Viu uma armadura no meio da trilha e algumas espadas no meio da floresta. Quando chegou as mansões de todas as Casas, notou a bagunça. Algumas Casas, mesmo que não tivessem sido envolvidas na luta, tinham portas arrombadas e outras Casas bandeiras rasgadas. Olhou para a Casa de Ares e viu a porta arrombada, entrou e viu o pátio bagunçado, com algumas coisas quebradas. Foi até o refeitório e percebeu que estava quebrado. Não foi como Bryan contou. A batalha continuou depois da Clareira dos Gritos.

Alguns alunos estavam olhando para ele como se a esperança ou o próprio pai Ares tivesse chegado para dá-los força. Mas era apenas um manco segurando uma bengala, mais do que todas as suas esperanças perdidas em seu irmão. Subiu até o corredor dos quarto, entrou no seu e sentou-se na cama e ficou pensando em tudo que tinha perdido. Uma semana dormindo, e perdi minha Casa com meu irmão, concluiu.

Foi acordado por um de sua Casa. Tinha aspecto estranho, o nariz era fino, o cabelo era negro mas estava chamuscado com um pouco de cinza e seu olho direito era negro enquanto o outro era cinza. Tinha um aspecto assustador que o fez ignorar o olhar do jovem.


– Senhor.

– Você deve ser Tull.

– Exato, senhor. Fico grato que me conheça.

– Fiquei sabendo. É estranho no rosto e tão bom quanto na espada. Deseja algo, Tull ?

– Sim. Quero dizer, não. Vim dar um recado.

– Que seria ?

– Bryan está indo embora, estão lhe esperando no Barro Vermelho.

Gratificou ao estranho jovem. Ele tinha uma fúria em um dos olhos cinzas e uma maré escura no outro, e isso causava desconforto até nele que não temia a olhos nenhum. Aquilo o incomodou o caminho inteiro até a muralha. O crepúsculo estava quase ao seu fim, mas o Barro Vermelho tinha um aspecto cor de madeira e seus quarenta e oito metros de altura cortavam o céu. Perto do portão, estava Quíron, Bryan e mais alguns filhos de Hesfeto e outros de Ares. Não se tinha uma dezena, e sim seis. Quíron tinha em sua mão Olhos de Gato, sua espada. A bainha era feita de aço olimpiano, e o botão na sua espada tinha um olho-de-gato verde e cristalino.

– Ajoelhem-se.

E ajoelharam-se. Bryan foi o último a fazê-lo, mas fê-lo. Quíron encostou a espada na cabeça de cada um, com a máxima sutileza para que a espada não ferisse alguém. Diziam as histórias que o aço olimpiano poderia cortar a pela apenas ao tocar. Via agora que era mais uma mentira contada pelo seu irmão, apenas para satisfazer seus sonhos quando era criança.

– Vocês a partir de agora serão filhos de ninguém. Aqui vocês tiveram a luz e lá fora a escuridão. Os deuses irão cuspir na cara de vocês pelo crimes cometidos. Estão libertos, filhos de ninguém.

A cerimônia acabou e Quíron esperou-os sair. Pablo fora até o irmão, chorando, abraçou-o com toda a força. O irmão estava com sua armadura vermelha e carregava uma espada que não se parecia nada com a sua. Não tinham comida muito menos cavalaria. Assim que Quíron os obrigou a sair, Pablo o largou e deixou seu passado ir embora. A bengala parecia que não se movia, mas forçou a movê-la. A caminhada foi a pior de sua vida, a dor na perna sumia, apenas a lentidão o deixava pior do que estava.

Chegou a sua casa. Tanto o pátio quanto o refeitório estavam vazios. Aquele horário, no mínimo, era hora de estar bebendo ou contando histórias do que aprenderam no dia ou festas do passado. Mas o luto estava aparente em todos os lados e o gosto de sangue na boca também. Os quase seiscentos alunos tinham se transformados em trezentos ou menos do que isso. Algum Comandante teria que ser eleito para recrutar um bom número e mesmo assim, demoraria meses para que a casa voltasse ao último número. Se isso voltasse a acontecer.


Tudo isso culpa minha. Devia ter previsto o que aconteceria na floresta, fui burro demais. Foi os últimos pensamentos da noite, voltou a dormir.

Foi acordado novamente por Tull. Daquela vez não ficou assustado, apenas mirando os olhos dele que o miravam com igualdade. Percebeu que apenas Caio estava ali. Percebera que Victor fora mais um dos filhos que morreram na Batalha dos Deuses e aquela sensação era estranha para ele. Metade do quarto tinha ido a um caminho distante.

– Senhor, você foi convocado no Salão dos Campeões.

– Obrigado, Tull.

Foi até o Salão dos Campeões. Se despiu e colocou o gibão mais vívido que tinha. Colocou um com prata e vermelho, listrados e o estandarte de Ares vinha estampado em seu peito direito. Desceu as escadas e atravessou todo o pátio. Passou com a espada em sua bainha presa a sua cintura e olhavam-no como um herói e ao mesmo tempo como o causador do apocalipse.

Assim que abriu a porta, viu outras pessoas indo até o Salão dos Campeões. Cumprimentou de forma gentil alguns e outros fizeram a questão de ignora-lo. Viu Zyerg, filho de Zeus e o cumprimentou. Seus olhos azuis escuros mostraram desinteresse na cumprimentação, como se ver um grilo fosse mais interessante.

Entrou no Salão. O Salão era todo feito de pedra, junto com suas mesas de madeira e as bandeiras com estandartes de cada Casa deixavam o salão mais vivo. Fora isso, era apenas mais um salão para beberrões e falastrões ficarem se xingando, conhecerem garotas que se escondem como ratos em esgotos e verem os monstros que nunca se escondem.

Havia uma mesa no fundo, destinada para o Conselho de Direção e atrás deles, os Treze. Lá estava Quíron, Gorg, a górgona que tinha suas cobras escondidas através de um pano e seus olhos não abriam nunca e do outro lado uma cadeira vaga. Nunca tinha visto o terceiro diretor, fosse quem fosse, sabia se esconder como uma ratazana ou um rato muito pequeno.

Todos os líderes de exército, estrategistas e monitores de cada Casa estavam ali, assim como o melhor lutador, acompanhante ou apenas um convidado. Na mesa de Ares, apenas Pablo e Tull. A mensa nunca tinha ficado tão vazia.


– Hoje, chamei algum de vocês para representar a Casa de ambos. Listarei, hoje e sempre, o nome daqueles que se tornarão os próximos Comandantes. Estamos em tempos difíceis, isso é um fato. Mas não nos deixará recuado. A nova geração está chegando e elas começarão com vocês. Alguns irão lutar contra forças e outros irão apenas escoltar novos alunos. Os nomes dos Comandantes, aqueles que estão em falta, serão ditos a seguir.

Todos ficaram calados. O coração de Pablo pulsava demais, pensava que sairia pela boca. Sabia que se tornaria Comandante, mas por que tinha aquela sensação estranha e amarga em sua boca ? Por que sua barriga doía tanto ? Quíron puxou um pergaminho da mesa e começou a listar:

– Natasha, Nova Comandante da Casa de Hades. Apresente-se.

Uma menina com cabelos roxos foi andando até perto de Quíron, que a abençoou com sua espada de aço olimpiano, ele disse algo na orelha dela que depois de alguns segundos, ela assentiu. A lista continuou:

– Guilherme, Novo Comandante da Casa de Hefesto. Apresente-se.

Quíron tinha feito a mesma coisa que antes, abaixou-se e falou algo no ouvido assentido .A cerimônia continuava e o foco agora estava todo em Quíron. E então, ouviu seu nome.

– Pablo, Novo Comandante da Casa de Ares. Apresente-se.

Com passos curtos e quase desajeitados, aproximou-se de Quíron que acenou com a cabeça e o fez se sentir pior. Estava roubando o lugar de seu irmão e a missão que eles tanto sonhavam em fazer juntas. Abaixou-se e foi tocada pela espada, era fria e acolhedora. Quíron chegou perto de seu ouvido e sentiu a ponta da sua barba aproximar-se.

– Comandante, cace Bryan da Casa de Ares. Apontado como assassino de alguns alunos e pecador contra todos os deuses do olimpo.

Pablo calou-se. Aquilo o deixou em choque. Estava com vontade de cair e chorar, mas não podia, tinha que fazer a missão e aquela era a ordem. Caso não cumprisse os deuses o puniriam.Os deuses punem, Pablo. E irão puni-lo um dia, havia dito Bryan.

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